Talvez eu tivesse ficado no tempo
Naquele dia, naquele ano
Naquele chão do banheiro
Ou do quarto, ou do aterro
Ou na lama, na sarjeta
Talvez ali tivesse ficado
Se não me desse eu a mão
Se não tivesse eu me reerguido
Apoiado meu próprio corpo
Tão frágil e tão forte
Corpo, alma e espírito
Talvez, se não houvesse o tempo verbal
Se não houvesse o temporal
A passagem do tempo
E, o passado tivesse passado
O mesmo sujeito
Substantivo, verbo e homônimo
Talvez, se não houvesse eu
E, era eu, não éramos nós
A fragilidade que se fez força
E, somos eu e eu nós
Atados ao primeiro pronome
O singular se fez plural
Com o tempo, os nós antigos dissolveram
Hoje, sou eu, e amanhã também…
(Alessandra Capriles)