Sobre os desejos profundos…

Tentamos acreditar em todos os nossos desejos, e desejando buscamos concretizar o querer na fé… Os nossos sonhos parecem tão próximos quando acreditamos, mas poucos, de fato, se aproximam, e nunca aqueles mais almejados, porque temos que nos convencer de que sempre há um querer maior de Quem tudo sabe o que faz… Até n’Ele buscamos acreditar para não “faiá”…

Os desejos são sempre tão verdadeiros, a esperança é sempre tão viva, que lançam ao esquecimento a ilusão e a frustração… Você deseja a paz, porque não há, deseja o amor, porque também não há, e assim é com tudo aquilo que lançamos ao universo, para que conspire em nossas urgências, e atenda a todos o que é de nosso querer… e, quanto maior é a lista, menor é a existência real, e menos palpável parece a cada desencontro… mas, às vezes, a lista é pequena, por simplesmente bastar, e o alvoroço em volta do simples é tão grande, que o tal simples torna-se um complexo engano… e no equívoco recorrente dos ruídos alheios, é quando surge a não completude do sonho: a frustração…

Tenho uma lista grande de desejos, porque já me frustrei demais, muitos dos quereres já guardei em alguma lista de espera para o esquecimento… quando desejo pouco, sempre me falta algo para novamente acreditar… agora tenho sonhos grandes, e não meço o quão impossíveis possam ser… alguns desejo tanto, que por tanto desejá-los, deixo-os… em alguma área oculta intocável, para não tornar a me decepcionar, porque dói demais o tempo da espera, quando a esperança não há, e seguimos enganando a nossa fé…

Por sufocarmos tanto os nossos maiores desejos com outros menores, nos iludimos cada vez mais a cada breve conquista, e assim parecemos eternos infelizes, porque o tempo da alegria é do mesmo tamanho do ensejo… Devemos valorizar mais os pequenos detalhes, as pequenas conquistas? Sim, sempre… mas é enganar-se demais tentar torná-los tão grandes quanto o que nos é imensurável…

Alguns vazios se formam em nossa existência… aos poucos são preenchidos… mas outros, aqueles da tal esperança, sempre caberá a eles a saudade, ou algum consolo… acho até que tenho alguns preenchidos com fé… alguma que parece já não caber mais… talvez sejam tolices disfarçadas de fé… e me enganam tão bem… que, na dúvida, receio em desacreditar…

(Alessandra Capriles)