Sobre ser feliz.

Quem tem tudo, ou consegue tudo o que quer, carrega consigo o eterno fado de não completude, porque, quando alcança o objeto desejado, cai sempre na armadilha da necessidade do novo, ou do que, por falta de cuidado, ou ganância pelo tudo, perdeu.

E, o que se alcançou assim com tão pouco esforço cai no esquecimento do velho, e nem mais se lembra do sentido que lhe deu à vida.

Olhos sempre voltados a si perdem a oportunidade de apreciar a paisagem e o pouco. Perdem a oportunidade de se dedicar e cuidar dos pequenos tesouros que têm às mãos, por desejarem braços, pernas e passos mais longos, de maior alcance, e mais distantes da realidade que o cerca.

É tão fácil se sentir infeliz, quando não se tem a capacidade do contentamento e da aceitação. Quem nunca jogou o jogo do contente nunca deu ao que a vida o presenteia o verdadeiro valor.

Paro, uso do privilégio de sempre contemplar a vista, e agradeço.

O dom do discernimento desperta a essência, e não há maior felicidade.

(Alessandra Capriles)

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