Adiantaram o carnaval.

Olha a lama!
Desce o caos…
Já dizia o profeta
Sobre a miséria e a ameaça
E, sob a lama, o povo
E sua desgraça…

E, veio a chuva lavar a sujeira
De tanta cifra lavada, levou tudo
Mas só levaram de quem já não tinha
Porque a ganância sucumbe o homem
E, a fome enche de vento barrigas
De quem, agora, só tem de descanso o relento…

E, toca a bola, faz o drible…
Mas, a bola raspou na grade…
Pra fora com faísca e tudo
Nas chamas, sonhos se apagam
No grito das labaredas
Um time inteiro sai de campo…

Agora, tem até fogo brigando com a água
É muita energia pra pouca fé…

Mas, e quem abre a boca pra gritar a verdade?
É briga feia de gente grande!
Nem faroeste tem tanto bang bang
Tem palavra com alma caindo dos céus
E, na gravidade se cala uma luz
Já está tudo ditado…

O tempo voltou pagando e cobrando
Mas, como em toda guerra
O inocente também combate com a própria vida…

O mundo errou a girada no eixo
Que reativou o caos
Um novo big bang
Os desencarnes dilaceram os peitos
Que juntos se enterram, afogam, ou ardem
Nas rédeas do desatino
De um novo sopro de fel
Que inunda ou incendeia…

Ei, moço, volta aqui!
Se tu vais embora
Quem é que paga a tua conta?
Bateu continência, agora não bata as botas
É do quartel, ou do picadeiro?
Volta, que essa zona é tua!
Segura as putas de paletó
Que o teu cabaré tá sem freio
Quero ver a ordem fluir sem a bala
Sem o tiro, sem desvios
Quero ver os pólos entrarem em realinho…

Volta, Deus, também!
Ou, manda outro meteoro
Porque, aos poucos, assim
É o diabo quem tá matando.

(Alessandra Capriles)

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