Por que tão dura?

É como um abraço que a vida dá
A quem pouco aprendeu sobre abraço…

Mas, a própria vida quem nos tira os abraços
E ensina que é na dureza que se erguem alicerces…

E, para que tantos
Se é na malemolência dessa luz que se aprende o abraço?

É por entre frestas a morada do sorriso que nos aquece a vida…
A própria vida criada na dureza
Pureza vital desbravada a cada dia
Destronada de seu próprio palácio
E como se ensina o abraço
Se só se fez vida no chicote e no laço?

Como se algum dia dela fosse fácil…

E, assim parece por entre redes
Lentes de quem vê nada além da reprodução
De quem contempla a vista somente pelo retrato

Porém não a mesma paisagem…

Há vida por detrás das lentes do retrato
E dói…

Não são os mesmos olhos que enxergam
Nem o mesmo horizonte…

Uns vêem o planeta redondo
Outros, uma caixa…

O que nos proporciona a existência
Não é a mesma fé
Mas é o mesmo Deus…
Ou deuses… Anjos…

Pequenos feixes de luz
Que retratam a esperança à vida
O abraço à tristeza
Por serem as nuvens nada doces
Além de destempero dos dias…

Que marcham na mesma dureza do sentido
Embora nada o faça…

Mas, raia a alegria
Mesmo que por entre pequenas brechas
Todos os dias…

E, ganham raízes nos céus os seus raios
Que brotam como galhos… braços
Um colo divino
Em solo de mãe terra…

Mesmo que duro
Mesmo que árido
Mesmo sem afago
Todo dia é o bom dia que ensina
E quem matura a vida…

E, aos poucos, o calor devolve a leveza
Deixada na estrada ao longo dos espinhos…

Caminhos vingados em seu próprio deserto…

Mas, ainda nasce acalanto e alguma gentileza
Nasce um dia inteiro para quem se permite contemplar…

Sentir na alma o afago
Mesmo que somente almejo
E nunca, de fato…

(Alessandra Capriles)

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