Quintal Urbano.

No meu quintal, há um enorme Centro, onde pessoas fazem negócios. Negócios que geram dinheiro, que serve para comprar coisas, menos o que eu vejo daqui, um prédio ou outro talvez se venda, mas a beleza vista ninguém compra. Daqui vejo e imagino o que era o Desterro, às vezes, imagino eu entrando em seu antigo e suntuoso Castelo, mas, virou aterro. Até que é bonito. O homem também sabe fazer coisas bonitas, mas quase sempre em cima do que já era belo. Do meu quintal, vejo enormes monumentos e edificações construídas. Tem até Shopping e Aeroporto, uma Bossa e um vôo. E, quantas histórias se fizeram e desfizeram ao longo desse cenário.

No meu quintal, há um enorme monumento, que cada vez que me ponho a chorar, na sacada, a sua pira enxuga minhas lágrimas com acalanto e tristeza. É quando lembro dos tantos que foram à guerra, e deram suas vidas por nós, por sua pátria, ou qualquer outra crença mesquinha, como toda Guerra, seja ela Grande, ou não. Às vezes, sinto-me como eles: fim da batalha. Mas, é quando acordo, e lembro que todo dia é uma nova peleja. Mas, há também a beleza das águas do mar, do que é Vivo no Rio, do que é Arte Moderna, seus lindos Jardins, do que é luxo, do que é pista de chegadas e partidas. E, é tão lindo ver os enormes pássaros de Dumont pousando, seja daqui, seja do píer, e o homem tinha até santo em seu nome. E, de tão peculiar, deveria mesmo ser. E, a enorme Praça sonora que toca e que canta, e, às vezes, até encanta, e posso fechar os olhos, e me sentir abraçada por Paris.

No meu quintal, há também o lado doce, mais doce do que pão doce, porque é todo de Açúcar. Há, no meio de tudo, uma enorme baía, é tanta água maltratada, que os peixes até se misturam com a gente. Há o lado do aterro, obra prima paisagista construída com o que um dia foi o Desterro. Há o mar, a Marina, de onde os barcos partem, outros atracam, o Outeiro, onde os sinos dobram, onde as preces se levantam, e chegam a algum lugar, onde o universo nos ouve. Há história, passados de tantos momentos gloriosos despedaçados, da qual sobrou somente uma carcaça histórica do que foi o Glória. Agora, a única glória que nos resta é a que vem das preces da casa onde os sinos dobram, que, além do templo, é esse céu inteiro, onde habita Deus, ou todos eles reunidos.

(Alessandra Capriles)

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