(Arre)dia.

Quantas noites deixei o sono fugir
Aos céus, por entre os dedos
Somente para ver o brilho do sol me embalar
Enquanto erguia seu corpo ao horizonte, lembrando à noite o erguer dos dias.

Quanta lucidez perdi
Para que o dia fosse protagonista em meus sonhos
Todos lúdicos e remendados
Emaranhados de caos
Oniricamente, irônicos
Pois, reza a lenda, que no sonho não se morre
Mas, raiava o dia.

Quanto tempo menti para mim, em longas noites
Que nem sempre promessas são cumpridas
Enganei-me com a fé depositada aquém
Ah, mas sempre aguardava o raiar diurno
Que me ressignificava a noite e o estigma dos dias
E, do deus que levo às costas.

Quanto tempo deixei de ouvir o som do sol ao tocar os céus
Em uma alvorada límpida
Orquestrada pelo acariciar das asas das garças
Que também cantam seus próprios versos
E, não se calam
Incansáveis pulmões inflados de clamor
Lamentam, exaltam, gracejam
Não sabemos o que dizem
Mas, regozijamos juntas ao erguerem os dias

Quantas estrelas contei
Mesmo em meio a nuvens, lágrimas e trovoadas
Em busca de dias que só vinham pelas manhãs
E, deixei de contemplar, de fato, os dias
Que me acordariam tantos outros
Do peito ao canto do riso.

(Alessandra Capriles)

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