Nada é normal, tudo é costume.

Todo dia é uma nova luta do diferente contra o mundo, contra a normalidade imposta como receita comportamental.

Como se o modo de agir, pensar, raciocinar e corresponder a expectativas cognitivas fosse uma receita de bolo.

Graças a Deus, fomos presenteados com Nise da Silveira, que teve um novo olhar para os pacientes psiquiátricos, seus transtornos, síndromes, neurodivergências etc.

O que para muitos é tido como loucura, nada mais é do que diversidade de ação e expressão. Loucura e arte caminham juntos. É na expressão artística que se lê o “eu” do artista, e se percebe.

É, muitas vezes, sob a perspectiva do outro, que se reconhece a si.

É nas características de cada pincelada, de cada curva escultural, de cada linha de um conto, cada verso de um poema, que se chega às profundezas do inconsciente e subconsciente.

Todos somos compostos de id, ego e superego, só que a sociedade nos reprime, e nada melhor do que a loucura declarada para romper barreiras, quebrar os muros do manicômio, e ganhar seu espaço na sociedade comum.

Manicômio não é lugar de gente. Gente que sente só quer ser ouvida e se expressar. Sentir demais é um ato nobre de loucura, ser demais é ser intenso, e ser intenso é ser-humano. É pulsar, é visceral.

Toda arte é provida de loucura, mas só os diagnosticados são privados de se expressar. Toda forma de expressão é arte, é cultura, é aprendizado. É dar a palavra a quem enxerga o mundo muito além de nós.

Respeito à diversidade, seja ela qual for. Se ser normal é ser careta, reprimido e sem caráter, abraço eu a loucura, para que caminhemos de mãos dadas, lado a lado.

(Alessandra Capriles)

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