Onde os fracos não têm vez.

Os últimos dias, meses, anos têm sido os piores de toda uma vida, e eu já vivi situações bem cruéis ao longo dela.

Infelizmente, sou um ser-humano sensível, que passou a vida se escondendo atrás de personagens.

Na escola, poucos ou nenhum eram os amigos. Trabalhava com o público, e precisava desse personagem para não ser demitida.

Adoecia, ao menos uma vez por mês, e achava normal. O que me fazia adoecer mais ainda pelo medo de novamente adoecer, e ser demitida.

Sempre a mesma ameaça. A “fracassada”. Passei por cada situação, que só eu sei. Mas, com o tempo, endureci.

Hoje, sou o que chamam de “amargurada”, “ranzinza”, “louca”, “mal-amada”, e tantos adjetivos mais que usam para denominar pessoas exaustas, que não sabem mais esconder suas fraquezas, mas precisam se manter fortes por sobrevivência.

Sim, eu sou fraca. Ufa! Como custou eu entender e respeitar isso.

Custou ouvir que “por isso você não tem amigos, e nem a família quer mais saber de você”, custou ausências, sumiços, afastamentos e muito sofrimento por eu não ter me tornado o que queriam.

Custou o meu silêncio diante de grandes traumas. Custou mil desilusões. Custou a partida de muita gente que eu amava. Custou eu ver a minha tia ser carregada em um lençol, e colocada dentro de um caixão, ao lado da lixeira do condomínio. 😔

Custou eu ver que, de fato, as pessoas dão pouco valor às pessoas e à vida delas, e quem parte pouco é lembrado, postumamente. Custou entender o que era esquecimento, em uma mente que guarda tudo.

Custou a minha exaustão por tentar me encaixar em lugares e pessoas nos quais não me encaixava. Custou árduo tempo até eu começar a entender as coisas, e saber que nada era como eu via, entendia, ou funcionava na minha cabeça.

Custou a minha tentativa de suicídio que falhou, há uns dias, quando me joguei na frente de um carro, por já não ter mais esperança, e ainda lutar sem saber porquê.

Minha vida se resumiu a um enorme custo. Aos outros que precisam “bancar a doente encostada”, além de mim, que preciso lidar comigo, há 39 anos.

Olho pro céu, e oro. Peço a Deus misericórdia, saúde, paz, amor, verdade, justiça e o meu lugar.

(Alessandra Capriles)

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